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A Essência Humana segundo Kierkegaard e Tomás de Aquino | Missão Evangélica Avivamento Mundial
A reflexão sobre a essência humana tem sido abordada ao longo da história por diversas correntes filosóficas e teológicas. A afirmação de que "a essência das pessoas não se modifica com o tempo, apenas se revela" convida a uma análise profunda sobre o que constitui o "ser humano", e como a natureza ou essência das pessoas é compreendida à luz da filosofia e da teologia. Para isso, podemos recorrer aos pensamentos de dois grandes pensadores: Kierkegaard, o filósofo existencialista cristão, e Tomás de Aquino, o teólogo escolástico.
Kierkegaard: A Existência Precede a Essência
Kierkegaard, conhecido como o “pai do existencialismo”, argumenta que a essência humana não é algo fixo, mas algo que se constrói por meio das escolhas e da existência. Para ele, o ser humano é fundamentalmente um "ser em busca", alguém que só descobre sua essência por meio do ato de viver e de suas decisões livres. Kierkegaard acredita que a verdadeira essência do ser humano se revela quando ele se coloca diante de Deus em um processo de autodescoberta e enfrentamento de suas angústias existenciais.
A famosa angústia kierkegaardiana surge da responsabilidade que o ser humano tem diante de suas escolhas. O homem se encontra em constante tensão entre viver de forma autêntica, diante de Deus, ou sucumbir à vida de superficialidade e distração que o mundo oferece. Nesse sentido, o tempo não "muda" a essência, mas as circunstâncias da vida revelam quem a pessoa é, ao forçar o indivíduo a enfrentar dilemas e tomar decisões que expõem o seu caráter mais profundo.
Kierkegaard, ao afirmar que "a vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente", sugere que a essência humana é revelada no processo contínuo de se viver a vida de forma autêntica e relacional com o divino. Assim, o ser humano, para Kierkegaard, é um ser que encontra sua essência na liberdade e no compromisso com a fé.
Tomás de Aquino: A Essência na Natureza Humana
Tomás de Aquino, por outro lado, oferece uma perspectiva mais estável sobre a essência humana. Influenciado pela filosofia aristotélica, Aquino argumenta que a essência humana está definida pela natureza racional do homem. Em sua obra monumental, "Suma Teológica", Tomás argumenta que o ser humano possui uma alma racional, cuja essência é imutável e dirigida ao bem supremo, que é Deus. Para ele, a essência humana é ordenada para a realização de seu telos (fim último), que é a união com Deus. Assim, a essência humana é intrinsecamente boa, mas o pecado e o livre-arbítrio introduzem a possibilidade de o homem se afastar desse propósito natural.
Aquino também distingue entre a essência e a acidente (atributos que podem mudar sem alterar a natureza do ser). A essência do homem é fixa e imutável: somos seres racionais, criados à imagem de Deus, dotados de alma e capazes de conhecer e amar a Deus. No entanto, as qualidades acidentais, como comportamento, cultura ou desenvolvimento pessoal, podem mudar com o tempo.
Aquino vê a graça de Deus como um fator que aperfeiçoa essa essência humana. Em sua visão teológica, a graça não destrói a natureza humana, mas a eleva, ajudando o ser humano a cumprir seu propósito final. Logo, ainda que a essência não se altere, é na vida em comunhão com Deus e na prática das virtudes que essa essência se manifesta plenamente.
A Conciliação entre os Dois Pensamentos
Quando conciliamos essas duas perspectivas, podemos ver um quadro mais completo da natureza humana. Por um lado, Kierkegaard nos lembra que a existência humana é dinâmica e que a essência se revela através da escolha, da angústia e da relação com Deus. Por outro lado, Aquino sustenta que essa revelação não é uma mudança da essência, mas uma expressão do que a pessoa já é em sua natureza mais profunda: um ser racional, ordenado ao bem supremo.
Assim, o tempo e as circunstâncias não modificam a essência, mas a revelam. As provações, os dilemas morais e as decisões da vida não criam uma nova natureza no ser humano, mas fazem com que a natureza pré-existente se torne mais visível. Na perspectiva cristã, essa essência só pode alcançar sua plenitude em Deus, seja pela livre escolha existencial de viver em fé (Kierkegaard), seja pela prática da virtude e pela graça divina (Aquino).
Resumo
A essência humana, à luz de Kierkegaard e Tomás de Aquino, é algo que não muda, mas que é continuamente revelada na trajetória da vida. Para Kierkegaard, a essência se manifesta nas escolhas feitas em meio à angústia e à liberdade de existir, enquanto para Tomás de Aquino, a essência do ser humano é sua natureza racional e ordenada ao bem, revelada plenamente pela graça divina. Em ambos os casos, a essência se revela ao longo do tempo, mas não é o tempo que a transforma; são as decisões e a relação do homem com Deus que a manifestam em sua plenitude. Assim, a frase "as pessoas são o que são" encontra eco no pensamento desses dois filósofos, que veem na vida humana um processo de descoberta e realização daquilo que já está inscrito na essência do ser humano desde o princípio.
Agora uma visão Bíblica sobre a Essência Humana
A essência humana, à luz das Escrituras, começa com a compreensão de que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:27). Essa criação original define a dignidade e o valor intrínseco do ser humano. Deus criou o homem e a mulher para refletirem Seu caráter, vivendo em perfeita comunhão com Ele e uns com os outros. No entanto, essa essência foi corrompida pelo pecado. A queda de Adão e Eva no Jardim do Éden trouxe consigo a ruptura da comunhão com Deus, e o pecado passou a distorcer a verdadeira natureza humana, separando o homem de seu Criador e gerando morte espiritual (Romanos 5:12).
O pecado, no entanto, não destruiu completamente a imagem de Deus no homem, mas a obscureceu. Mesmo em meio à corrupção e à decadência moral, a essência humana mantém vestígios da criação divina, ainda que enfraquecida e desvirtuada. A Bíblia revela que essa condição só pode ser restaurada através da redenção em Cristo. Em Jesus, o plano de Deus para o ser humano é resgatar a verdadeira essência de sua criação. Cristo é descrito como o "novo Adão" (1 Coríntios 15:45), aquele que restaura o que o primeiro Adão perdeu. Através da fé em Jesus e da obra do Espírito Santo, o ser humano é transformado, renovado e conformado à imagem de Cristo (2 Coríntios 3:18).
Esse processo de restauração começa com a regeneração, quando o Espírito Santo dá vida nova ao crente, levando-o a viver de acordo com os propósitos de Deus. A essência humana, corrompida pelo pecado, é purificada pela obra redentora de Cristo, e o ser humano passa a trilhar o caminho da santificação. A Bíblia ensina que, como novas criaturas em Cristo (2 Coríntios 5:17), somos chamados a abandonar a velha natureza, caracterizada pelo pecado, e a vestir-nos da nova natureza, criada para ser como Deus em verdadeira justiça e santidade (Efésios 4:22-24).
A essência humana restaurada por Cristo é, portanto, aquela que reflete o caráter de Deus. O chamado para os cristãos é viver de maneira digna desse novo propósito. Isso inclui amar ao próximo, servir com humildade, e refletir a luz de Cristo no mundo. Embora o pecado continue a ser uma realidade até que Cristo volte, a promessa é que, através da obediência à Palavra de Deus e da ação transformadora do Espírito Santo, o crente será gradualmente moldado à semelhança de Cristo, cumprindo o propósito original de Deus para a humanidade (Romanos 8:29).
Por fim, a verdadeira essência humana é encontrada quando o ser humano está em plena comunhão com Deus. A vida cristã é o caminho de retorno à essência perdida no Éden, uma jornada de transformação e santificação. A promessa final das Escrituras é que essa restauração será completa na glória futura, quando o ser humano estará livre do pecado e poderá viver plenamente de acordo com o propósito para o qual foi criado: glorificar a Deus e desfrutar de Sua presença eternamente (Apocalipse 21:3-4).
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